Textos críticos/ Critical text
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Painel ABCA

Jorge Coli

MAC - Ibirapuera
São Paulo, 2004

Fernando Vilela primeiro observa. As formas de sua invenção partem de um olhar que prefere objetos de volumes definidos, presentes, afirmados, como um navio, um armário ou uma cadeira. Depois, depura suas observações pelo desenho. Simplifica, tende reduzir as formas às superfícies. Essa ascese, porém, não significa afastamento da materialidade. Ela encontra uma substância nova na gravura. A linha torna-se corte na madeira, e o entalhe, que busca ser preciso, guarda as marcas da violência. São rupturas nítidas que se imprimem sobre o papel, garantindo ao contorno uma vibração concreta. A tinta negra conserva as irregularidades próprias à superfície das grandes pranchas, os pequenos veios, sinais ainda de uma vida efervescente na matéria. Certos artistas impõem uma visão mental ao concreto com que fazem suas obras, para anulá-lo. Fernando Vilela não. Seus procedimentos conduzem a um equilíbrio estrito entre cosa mentale e cosa manuale.

 

 

 

 

 











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